domingo, 11 de janeiro de 2009

O fantástico com os pés no chão

Não se engane pela primeira impressão. "Ponte para Terabítia" (2007) não é uma das tradicionais produções da Disney, quase sempre carregadas de uma ingenuidade constrangedoramente artificial, mas uma história de fantasia dramática, o que dificulta sua classificação como um filme essencialmente infantil. Trata-se de uma obra sobre a passagem pela infância, retratada em boa parte de suas nuances, das brigas entre irmãos às paixões platônicas pela professora.

O longa chega aos cinemas trinta anos depois da cultuada publicação do livro homônimo de Katherine Paterson. A adaptação para o cinema aconteceu por intermédio do filho caçula da autora, David, a quem o texto original foi dedicado como consolo às dores geradas pela perda de uma grande amiga.

"Ponte para Terabítia" revela a história de um tristonho e introspectivo menino chamado Jess (convincente interpretação de Josh Hutcherson), um promissor desenhista que tenta subjugar o desprezo dos colegas de escola por meio de vitórias nas corridas das aulas de educação física. As aspirações do garoto interiorano acabam frustradas depois da chegada da imaginativa e veloz Leslie à cidade (Anna Sophia Robb), que o supera na mais recente prova de atletismo. A antipatia inicial pela menina, que mora na casa ao lado, é compartilhada pelos outros estudantes, não muito acostumados ao estilo moderno de gente de cidade grande.

Em pouco tempo, entretanto, a repulsa das outras crianças por ambos acaba por uni-los numa grande amizade, resguardada na criação de uma terra imaginária situada na floresta próxima à casa dos dois. Lá eles transformam-se em reis, prontos para lutar com criaturas horrendas pela libertação do território, sob o domínio do mal. Na vida cotidiana, Jess usa a inspiração do mundo fantástico, batizado de Terabítia, para enfrentar as dificuldades de uma infância sem luxos, de um pai pouco amoroso e de perseguições na escola.

Curiosamente, o principal defeito do filme é a forma com que ele se apresenta ao público, com uma campanha publicitária forçadamente apoiada no blockbuster "As Crônicas de Nárnia", de 2005. Ainda que o livro de Paterson tenha declarada inspiração no best-seller de C.S. Lewis, os pontos em comum entre a obras cinematográficas são bem menores do que um olhar apressado pode sugerir. E, ao contrário do que o trailer leva a crer, alardeando produtores e estúdios comuns entre os longas, esse não é um subproduto das aventuras dos irmãos Pevensie. É, na verdade, um singelo relato de como a imaginação pode ser fonte de vigor para os enfrentamentos dos problemas da infância.

"Ponte para Terabítia" é o primeiro e acertado filme live-action do húngaro Gabor Csupo, que já demonstrou talento como criador do desenho animado "Rugrats”, mostrando o ponto de vista de bebês sobre acontecimentos cotidianos.

A fotografia esmaecida e os poucos efeitos especiais fogem ao estilo normalmente empregado em produções desse tipo, que primam pela riqueza visual. A opção, ainda que arriscada pelo menor apelo estético junto às crianças, é apropriada, acentuando uma dualidade entre a crueza do mundo real e a magia da atividade imaginativa. A trilha sonora também atenua pieguices e confere maior atualidade à história, intercalando músicas orquestradas e canções populares.

Trata-se, enfim, de uma obra que retrata os desafios de crescer, um filme que revela a forma com que os pequenos, de olhos fechados e mentes abertas, superam os eventuais contratempos e tristezas da vida. Com toda a inocência, claro.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dia mundial da luta contra a AIDS

HIV já infectou 60 milhões - um terço dos portadores do vírus da Aids tem entre 15 e 24 anos

Dia Mundial da Aids fica sem campanha - Coordenação Nacional de Aids, do Ministério da Saúde, cancelou a distribuição de filmes, cartazes e folhetos com mensagens para lembrar o dia que marca a luta contra a doença no mundo

Brasil vai exportar remédio genérico - ministro José Serra lembra que o preço dos remédios contra a Aids fabricados no Brasil é de um terço a um quinto mais baixo do que nos Estados Unidos

Garotinho veta distribuição de seringas - governador vetou o projeto de lei que prevê a distribuição a usuários de drogas injetáveis para prevenir a Aids

Coquetel não evita contágio - mulheres com baixa taxa de HIV no sangue podem transmitir Aids

Vida protegida - política de patentes adotada pelo Brasil em relação aos medicamentos destinados ao tratamento de portadores do vírus da Aids é motivo de discussões

Voluntários contra o HIV - carioca casado é o primeiro no País a receber dose da vacina experimental

A importância da camisinha para a saúde - dizem que usá-la durante uma relação sexual é como chupar bala com papel. Em tempos de Aids, tal preconceito é mortal

HIV é mais agressivo no início - transmissão do vírus da Aids acontece logo após contágio

Estado distribui seringas - aprovado na Alerj projeto de lei que prevê entrega de kits descartáveis para usuários de drogas injetáveis

Mal necessário - Lei 1535/2000 que obriga o estado a distribuir seringas descartáveis e preservativos gratuitamente para pessoas viciadas em drogas injetáveis e portadores do HIV é aprovada pela Alerj

Indenização nas Forças Armadas - 5ª Turma do Tribunal Regional Federal do Rio condenou a União a pagar indenização de dois mil salários mínimos (R$ 360 mil) ao soldado da Aeronáutica Ronie de Steiger, contaminado com o vírus da Aids durante transfusão de sangue realizada no Hospital da Força Aérea do Galeão

Prostitutas usam camisinha com cliente - pesquisa do Ministério da Saúde revela que as prostitutas estão muito preocupadas com as doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids

IBGE: expectativa de vida aumentou 5 anos desde 1991

A população brasileira ganhou 5,57 anos, entre 1991 e 2007, em sua expectativa de vida ao nascer, ao passar de 67 anos, em 1991, para 72,57 anos, em 2007, segundo mostra a Tábua Completa de Mortalidade, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2006, a esperança de vida para o Brasil era de 72,28 anos e cresceu, portanto, 3 meses e 14 dias no transcurso de 1 ano. O diferencial por sexo que, em 1991, era de 7,70 anos, "experimentou um discreto declínio", passando para 7,62 anos, em 2007.

Desde 1999, o IBGE divulga, anualmente, a tábua completa de mortalidade da população brasileira, em cumprimento ao disposto no Artigo 2º do Decreto Presidencial nº 3.266 de 29/11/1999. Os dados da Tábua de Vida são utilizados pelo Ministério da Previdência Social no cálculo do fator previdenciário das aposentadorias das pessoas regidas pelo Regime Geral da Previdência Social.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Felicidade: TV deixa pessoas infelizes

Para os homens a felicidade está na internet e para todos a infelicidade reside na televisão. Um novo estudo sobre a felicidade descobriu quais os hábitos mais comuns de pessoas que se dizem muito felizes e infelizes.

O estudo realizado pela
universidade de Maryland, nos EUA, e que será publicado na revista Social Indicators Research, reportou que pessoas infelizes assistem mais televisão e as que dizem que são "muito felizes" gastam mais do seu tempo lendo e socializando-se.

Os pesquisadores analisaram 30 anos de informações e descobriu que assistir televisão pode ajudar na felicidade momentânea, mas tem menos efeitos positivos a longo prazo.

Crise econômica e a TV

Com base nos dados do estudo os
pesquisadores dizem que é possível que as pessoas passem a assistir mais televisão à medida que a economia piora. Quanto mais tempo as pessoas tem, mais assistem televisão. Quanto maior a taxa de desemprego, mais tempo elas têm.

Os estudos que os pesquisadores utilizaram se basearam em dois estudos. Um deles utilizava dados de um diário para cada atividade do dia e quão prazerosa ela era, por um período de 24 horas. O outro se baseava em questionários que perguntavam quão satisfeitas as pessoas sentiam-se com as coisas que faziam durante o dia e outras questões.

A infelicidade e a TV

Pessoas infelizes assistem 20% mais televisão do que pessoas muito felizes. Estas eram socialmente mais ativas, liam mais jornal e participavam mais de atos religiosos.

Pessoas infelizes parecem ter mais tempo em suas mãos (51%) em comparação com os muitos felizes (19%) e ‘corriam’ mais (35% versus 23%). Ter muito tempo livre sem uma maneira certa de preenchê-lo era pior do que a ‘correria’.

Vício em TV

Os pesquisadores ligaram o efeito prazeroso e momentâneo de assistir TV com o vício, pois atividades viciantes produzem prazer momentâneo e infelicidade a longo prazo. Eles disseram que as pessoas mais vulneráveis ao vício são menos sociáveis e para elas a TV é o opiáceo da vez.

Para os homens a felicidade está na internet

Você já sabe que não é pensamento positivo que traz a felicidade. Mas um novo estudo descobriu que, para os homens, a felicidade está a apenas um clique de distância enquanto para a mulher passar o tempo com a família garante um sorriso, de acordo com um estudo australiano sobre o que tornas as pessoas felizes.

O estudo chamado "Happiness Index" consultou mais de 8.500 pessoas entre 18 e 64 anos e mostrou que o descanso e o relaxamento são as atividades mais felizes, enquanto fazer exercícios físicos é a atividade com menor chance de deixar as pessoas contentes.

A única similaridade entre as atividades que agradavam ambos os sexos foi a do relaxamento. Esta atividade alegra 63% dos voluntários da pesquisa.

Um pouco mais da metade dos homens disse que a chave da felicidade está em navegar na internet, jogar jogos online e acessar sites de redes sociais como o Orkut. Apenas 39% das mulheres preferem esta atividade.

Para elas a felicidade está em fazer as refeições e passar tempo com a família, com 55% delas preferindo este tipo de atividade. Para 45% dos homens essa é a atividade mais feliz. As mulheres também tendem a ficar mais felizes com relação aos seus animais de estimação.

Homens ficam mais felizes do que as mulheres ao fazer sexo (48 contra 40%) e 38% dos homens contra 28% das mulheres disseram que sua alegria pode vir de passar tempo bebendo com os amigos.

Mais mulheres do que homens disseram que ler um bom livro, comer besteira ou comprar presentes as tornava felizes.

O estudo também parece ter derrubando alguns estereótipos, ao descobrir que menos de um terço das mulheres sente-se feliz ao comprar roupas e sapatos. Tanto homens quanto mulheres com filhos mostraram que sexo e romance os torna mais felizes que aos solteiros.

Para elas a felicidade está em fazer as refeições e passar tempo com a família, com 55% delas preferindo este tipo de atividade. Para 45% dos homens essa é a atividade mais feliz. As mulheres também tendem a ficar mais felizes com relação aos seus animais de estimação.

Homens ficam mais felizes do que as mulheres ao fazer sexo (48 contra 40%) e 38% dos homens contra 28% das mulheres disseram que sua alegria pode vir de passar tempo bebendo com os amigos.

Mais mulheres do que homens disseram que ler um bom livro, comer besteira ou comprar presentes as tornava felizes.
O estudo também parece ter derrubando alguns estereótipos, ao descobrir que menos de um terço das mulheres sente-se feliz ao comprar roupas e sapatos. Tanto homens quanto mulheres com filhos mostraram que sexo e romance os torna mais felizes que aos solteiros.

Dica para felicidade: Queira o que possui

A famosa frase de pára-choque de caminhão "Não tenho tudo que quero, mas amo tudo que tenho", parece ser mesmo uma chave para a felicidade.

A vida não é feita que coisas que temos ou não. Uma nova pesquisa revela uma abordagem mais variada da vida: Indivíduos que querem o que eles têm tendem a ser mais felizes que os demais.

Os resultados do estudo, detalhado na edição de abril da revista científica Psychological Science, sugere que um segredo para alcançar maior felicidade é continuar querendo as coisas que você já possui.

O novo celular ou o última televisão de plasma pode parecer a melhor opção na hora da compra. Mas com o tempo até o melhor produto fica desatualizado e, os pesquisadores dizem, você irá atribuir menor felicidade àquele item.

"Ter um monte de coisas simplesmente não é a chave para a felicidade", disse Jeff Larsen, um psicólogo da Universidade Texas Tech, nos EUA. "Nossos dados mostram que você também precisa dar valor às coisas que possui. É também importante manter o desejo por coisas que você não possui sob controle."

Jeff e sua colega Amie McKibban pesquisaram 126 estudantes de graduação de ambos os sexos que deveriam indicar se possuíam ou não coisas de uma lista com 52 itens como carro, som, patins ou cama.

Os estudantes que possuíssem um carro, por exemplo, deveriam dar uma nota do quando eles queriam aquele mesmo carro em uma escala que variava "não queria" até "queria muito". Aqueles que não possuíam um carro deveriam dar a nota do quanto eles queriam um.

Outros questionários e pesquisas sobre satisfação de vida e bem-estar geral revelaram que os estudantes que queriam mais o que eles já possuíam eram mais felizes do que os indivíduos menos fãs de suas posses. As pessoas mais satisfeitas com suas posses também eram mais felizes do que estudantes que tinham menos itens da sua lista de "quero ter".
O fato dos estudantes quererem coisas dos tipos que não possuíam (por exemplo: os que não tinham, mas queriam muito um carro) não teve impacto na felicidade.

Os exemplos dificultam aprender matemática

Um novo estudo sugere que dar exemplos concretos para ensinar os conceitos abstratos de matemática, uma técnica que os professores acreditam ajudar o ensino, faz exatamente o contrário.

"Um trem sai da estação A a 80Km/h e outro da estação B, que está a 250km de distância, no mesmo instante, a 100km/h. Quanto tempo levará para eles se encontrarem?"

A cada dia os professores incorporam mais e mais exemplos práticos ara ensinar os conceitos abstratos. Mas um estudo da Universidade Estadual de Ohio (EUA) sugere que é melhor deixar as maçãs, laranjas e locomotivas para o mundo real e, na sala de aula, concentrar-se em problemas abstratos. Nesse caso 80 (t + 1) = 250 - 100t, onde t é o tempo de viagem em horas do segundo trem.

Jennifer A. Kaminski, pesquisadora da universidade, disse que a crença dos professores de que ensinar através de exemplos concretos é mais eficiente não passa disso: uma crença. Os resultados do estudo foram publicados na edição da última sexta-feira da revista científica Science.

Foram realizados experimentos aleatórios controlados (coisa rara em pesquisas educacionais) com estudantes universitários voluntários. Mas os cientistas acreditam que os resultados podem ser aplicados também ao ensino fundamental.

No experimento os estudantes aprenderam um sistema matemático simples, mas desconhecido por eles, que é essencialmente uma série de regras. Alguns aprenderam o sistema através de símbolos puramente abstratos e outros através de exemplos concretos como combinar líquidos em copos de medida e bolas de tênis em um recipiente.

Em seguida os estudantes foram testados em uma situação diferente — foi dito a eles que era uma brincadeira infantil — que usava aquela matemática. "Nós dissemos aos estudantes que poderiam usar o conhecimento que haviam acabado de adquirir para descobrir as regras do jogo", disse Jennifer.

Os estudantes que aprenderam aquela matemática de maneira abstrata se saíram bem ao descobrir as regras do jogo. Aqueles que haviam aprendido através de exemplos usando copos de medida ou bolas de tênis foram apenas um pouco melhor do que se estivessem tentando adivinhar a resposta. O grupo de estudantes que foi apresentado aos exemplos abstratos depois de haver aprendido através de exemplos concretos se saiu melhor dos que haviam aprendido apenas com copos e bolas, mas não tão bem quando aqueles que aprenderam apenas com os símbolos abstratos.

O problema com os exemplos concretos, disse Jennifer, é que eles obscurecem a matemática em si e os estudantes não conseguem transferir o conhecimento para novas situações.

"Eles tendem a lembrar informações superficiais como os dois trens passando", disse Jennifer. "É, em realidade, um problema da nossa atenção sendo presa por informações superficiais."

Os pesquisadores disseram que tinham evidência experimental mostrando um efeito similar em crianças de 11 anos. As descobertas vão contra o que Jennifer chamou de "suposição generalizada" entre educadores de matemática de que exemplos concretos ajudam mais as crianças a entenderem a matéria.

E se estas descobertas também forem aplicadas a aulas de matemática mais básicas então ensinar frações com fatias de pizza ou estatísticas com bolinhas de gude podem ser contraproducentes. "Há razões para pensar que isso possa afetar a todos, incluindo alunos jovens", disse Jennifer.

Ela disse que até a efetividade do uso de blocos e outros brinquedos "manipulativos", que têm sido cada vez mais difundidos nas pré-escolas precisam ser testados. Não foi mostrado que as lições em que se aprende a contar utilizando blocos levam a um melhor entendimento dos números do que uma abordagem abstrata.

A universidade já começou novos experimentos com estudantes do ensino fundamental.

Outros matemáticos disseram que as descobertas são interessantes, mas alertaram para não se generalizar. "Em uma medida não se pode colocar tudo", disse Douglas H. Clements, um professor de ensino e instruções da Universidade de Buffalo (EUA). "Isso não nega o que esse pessoal descobriu, no entanto."

Douglas disse que algumas crianças precisam dos manipulativos para entender matemática básica, mas apenas como ponto de partida.

"É um artigo fascinante", disse David Bressoud, um professor de matemática da Macalester College e presidente da Associação Matemática da América (EUA). "Em alguns aspectos não é tão surpreendente."
Com relação ao problema dos trens apresentado no inicio do artigo eu não sei a resposta. Talvez eu não tenha aprendido bem, mas com certeza a resposta é a mesma tanto no problema concreto quanto para a abordagem abstrata.